Assisti o documentário Minimalismo: Um documentário Sobre As Coisas Importantes (tradução livre do título) e não gostei. Eu já conhecia o movimento The Minimalists do Joshua e do Ryan porque seguia eles no twitter, tentei ouvir um que outro podcast e achei que seria legal ver o documentário – até porque a gente falou sobre isso lá no grupo do UASL no Facebook semana passada. Acho que tem algumas ideias legais ali, mas acho que no geral tem muitos problemas e uma visão muito rasa que não resolve nada.
O mote principal do documentário é a história do Ryan e do Joshua que, basicamente tinham chegado no topo da carreira ganhando mais de 50 mil dólares por ano, tinham tudo o que sempre quiseram conquistar e de repente perceberam que as coisas que compraram não faziam eles felizes e resolveram se desfazer de quase tudo, inclusive do trabalho. Enquanto eles contam a sua história pessoal e como eles chegaram ali, no lançamento do livro deles em várias cidades (que é o que o documentário conta, na verdade), vamos sendo apresentados a outros personagens que também seguem o movimento minimalista e tem seus próprios projetos pessoais.
Esse texto tem spoilers porque problematizo o documentário, então talvez seja melhor ver o filme antes! 😉
Onde estão as mulheres?
A primeira coisa que me incomodou foi que passaram muitos personagens e quase nenhuma mulher. E não é porque não tem mulher praticando minimalismo ou outros projetos que falem sobre sustentabilidade. Aliás, muitíssimo pelo contrário. A maior parte dos blogs e das pessoas do movimento lixo zero que eu conheço são mulheres! Olha a Lauren Singer. A Bea Johnson. A Anne-Marie do Zero Waste Chef. A Marie Kondo que tem um livro best seller no mundo inteiro, o A Mágica da Arrumação que conversa demais com o que eles falam. Enfim, mulher não falta no mundo, mas faltou na hora de selecionar pro documentário.
As únicas mulheres que aparecem ali pra contar dos seus projetos são a Courtney Carver do Project 333, a Tammy Strobel do A Tiny Tour e a Cristine Koh do Minimalist Parenting. Ainda tem duas mulheres que aparecem, mas com seus maridos – que falam muito mais.
Pra mim, o problema nessa diferença de personagens é que é muito mais fácil pros homens o discurso do filme de “cheguei lá e larguei tudo”. Primeiro porque é muito mais fácil pra um homem chegar no topo da carreira e ganhar uma bela grana. Enquanto eles podem se dedicar à carreia e são criados pra isso, as mulheres muitas vezes ficam responsáveis por todo o resto enquanto o homem vai chegando lá: casa, filhos, a carga mental que bombou tanto nesse quadrinho (leia!) é 100% real. Segundo porque é muito mais fácil pros homens largarem tudo. Eles já largam os filhos com as mães com muito mais facilidade e permissão do julgamento da sociedade que as mulheres. Cadê a mãe dos seis filhos do Leo Babauta? Por que só ele aparece no filme?
Ainda tem outra coisa que me incomodou demais: a diferença do julgamento sobre as coisas dos homens x coisas das mulheres. Enquanto as duas personagens Courtney e Tammy falam e tem enfoque nas roupas e sapatos que tinham (historicamente tratado como futilidade, vocês sabem), o discurso dos homens não é tratado como fútil, até certo ponto, mas tem um quê de mais heróico.
Em um trecho de uma palestra, Ryan fala que um cara perguntou pra ele “eu amo meus livros, eu tenho uma biblioteca gigante, tenho que me desfazer deles?” e a resposta dele foi não, claro. Diferente de quando ele fala sobre os 20 pares de sapatos da namorada que a classificam como não-minimalista. Pode ter uma biblioteca por quê? Por que não pode ter 20 pares de sapato se ela amar e usar todos esses pares? Não acho que dá pra dizer que isso é sem intenção porque se a gente lembrar, foram editadas as falas pra entrar apenas o que eles queriam que tivesse no filme.
Pra quem é possível largar tudo?
Em qual degrau de privilégio estão esses homens, majoritariamente brancos, estão pra dizer que querem sair do emprego que paga 50k dólares por ano pra viver uma vida com mais significado? Que tipo de vida eles tão vendendo com esse discurso? Pra mim, uma vida bastante surreal inclusive pra mim. Essa possibilidade lhes é assegurada por esse privilégio, vale dizer. Essa cifra que eles mencionam no documentário provavelmente garantiu a possibilidade de poder sair viajando e fazendo o lançamento do livro mesmo quando não tinham pessoas suficientes.
O que é verdadeiramente discutido e resolvido no filme?
Minha resposta é: o ego das pessoas. Pra mim, tudo o que aparece ali do jeito que aparece ali mostra apenas o sucesso de dois caras que reduziram drasticamente o número de coisas que tinham incentivando as pessoas a fazerem o mesmo em busca de uma vida com mais significado. Os casos também falam de como eles se sentiram melhor depois que passaram a ter menos coisas, etc. Mas isso só resolve o ego ferido dessas pessoas individualmente e às vezes em casal, nada mais.
Apesar da questão da sustentabilidade ser apresentada no filme, não se discute de verdade. Até porque não foi uma só vez que a dupla Ryan e Joshua aparecem tomando café em copos descartáveis. Não são apresentadas soluções de verdade ao longo do filme, só nos é vendido como isso é bom. Eles usam da mesma lógica do capitalismo e do consumismo pra se vender, o que me parece contraditório por demais.
O foco segue no objeto, nas coisas. Poderíamos estar discutindo o porquê da nossa busca pela felicidade estar tão atrelada a objetos historicamente e como quebrar essa lógica; poderíamos estar falando de como o machismo faz as mulheres depositarem toda sua auto-estima em roupas, sapatos e maquiagens; poderíamos falar sobre lixo e ações para reduzir sua produção a partir do minimalismo. Mas o foco segue nas coisas: tenha menos, tenha só o suficiente, tenha uma blusa só de qualidade, tenha só um ou não tenha. O Joshua inclusive fala que não é contra o consumismo, mas é contra o consumismo compulsório. Bem, eu acho que ele deveria ser contra o consumismo sim, talvez não ser contra comprar coisas – que é bem diferente.
Acho que faltou muito uma discussão mais profunda sobre tudo, faltaram soluções práticas, faltou aprofundar os problemas e faltou ser menos machista. Ficou sendo egoísta também, porque é uma solução de uma pessoa só, não fala em coletivo e mudança real de sociedade. Por isso tudo eu não gostei, mas tem uns pontos legais sim sobre a pressão em ter cada vez mais casas, espaço, etc.
▶ Semana que vem a gente fala sobre um documentário que vale realmente assistir: Demain (tem na Netflix). E assim a gente dá uma revivida no Clube de Livros & Filmes Sobre Sustentabilidade, yes!
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Oi Cristal,
Achei interessante seu texto, mas discordo em alguns pontos. A parte do Leo Babauta não ter mostrado a mulher dele acredito que é porque ela não faz parte do projeto dele, no blog e no livro dele ele comenta bastante sobre a família e os benefícios que esse caminhos trouxe pra eles mas não diz se eles se envolvem no movimento.
Mas vejo total razão de você apontar a falta de mulheres, no conteúdo extra que eles disponibilizam pra quem compra o filme pelo vimeo, não muda muita coisa mas da mais material e perguntas que fora desses temos que vocês destacou. Realmente eles poderiam ter aproveitado isso de outra forma.
Acho que o único ponto que não concordo no seu texto é essa parte do documentário se concentrar só em bens materiais. Pra mim que consumo bastantes os podcast e conteúdos do blog deles vejo eles sempre espalhando a mensagem de que as coisas não são importantes, o importante é o que você faz depois que tira esse excesso e como você vai atras do que importante pra você. Talvez eles pudessem ter deixado isso mais claro no filme, mas gostei bastante desse conteúdo deles.
Bjo, adoro seu blog. Você e a Lauren Singer são minhas musas de inspiração pro meu tcc na facul 🙂
Cristal, adorei o texto!
Quando vi o documentário fiquei dividida entre gostar e não gostar. Não gostar pelos pontos já citados, ou gostar pelo simples fato de estar dando mais visibilidade a um assunto tão importante, mas agora parando para refletir um pouco, vejo que talvez seja até um desserviço.
Enfim, um ponto que me incomodou muito foi a ideia do tudo ou nada. Parece que o minimalismo só é suficiente quando a pessoa antes era super consumista e fútil, ou quando ganhava muito dinheiro dentro de uma grande corporação e resolveu largar tudo. É claro que situações extremas causam impacto num primeiro momento, mas para meros mortais isso soa um pouco hipócrita e um tanto irreal (tipo, "ok, pra ele que ganhava muito dinheiro é fácil, não tava se ferrando pra pagar as contas” ou ainda “se eu tivesse esse monte de sapatos também não me importaria em ficar só com os melhores”). Enfim, eu acho que esse tipo de pensamento afasta as pessoas, faz com que pareça muito difícil ou fora da realidade delas, ao invés de aproximar com ações simples que podem ser tomadas no dia-a-dia e já causam uma enorme diferença.
Outra coisa que não achei legal foi o fato deles focarem o documentário na “saga” pela promoção do livro. E não é que eles não devam vender o livro, é que justo num documentário sobre minimalismo? Sério, dava pra focar em muitas outras coisas, eles poderiam simplesmente ter acompanhado o dia-a-dia de uma família, sei lá, mas acompanhar a promoção do livro não precisava ser, nem de longe, o foco principal.
Beijos, obrigada pelos textos esclarecedores de sempre!
Quando comecei a assistir o doc fiquei incomodada, parecia superficial demais. Lendo sua resenha percebi que senti falta dessas coisas também. Super concordo que faltou falar de mulheres importantes que são inpirações para nós. Podiam trocar o nome "Minimalism" para "The minimalists – the story".
Nossa sociedade aceita 100% um homem recomeçar do zero, dando a ele o direito de se "desfazer" da familia. Para nós mulheres, optar por abdicar de certas coisas torna-se um absurdo, enquanto possuir certos objetos é visto como futilidade. "Como vc quer ser minimalista se ta comprando mais uma blusa?", ja escutei muito isso. Ate explicar pras pessoas que minimalisto não é ter uma muda de roupa demora.
Vou indicar um filme: Wild, com a Reese Witherspoon. Conta a historia de uma mulher q opta por fazer a trilha do pacifico sozinha, como descoberta pessoal. O tempo todo no filme fica claro como que é estranho para outras pessoas verem uma mulher fazendo aquilo que consideram uma atitude masculina.
Gostei dos pontos e outra coisa que eu não gostei no documentário é de quando ele fala das casas minúsculas, casas cápsula. Qualquer pessoa que viva numa cidade grande pode notar o movimento de apartamentos cada vez menores e modernos, com intuito não minimalista, mas para conseguir colocar mais gente num só espaço e cobrar valores absurdos por isso. Completamente a favor da lógica do capital, nada a ver com o conceito de vida que eles querem passar. Até pq quem mora em casas dessas não se sente melhor por isso (morei mto tempo em kitnet), pelo contrário, a gente se acostuma a não ter quintal, não olhar pela janela, não comer na mesa de jantar. Acho que os problemas relacionados a isso tem muito mais a ver com outros fatores, o tamanho da casa nem de longe é o principal. E achei que eles venderam como uma ótima "solução" no documentário.
Eu adoro ler outras opiniões sobre o mesmo assunto, assisti com o meu namorado, e mesmo na luta pra desconstruir vários pensamentos padrões que temos, eu não vi muitos pontos que você citou, ao mesmo tempo que não me senti satisfeita ao terminar o documentário, fiquei com uma sensação de que estava faltando algo. E agora, lendo esse post, concordo muito com o que você diz, e percebo que uma das coisas que mais me incomodou foi realmente a superficialidade, faltou informações importantes, aquilo que te motiva a vestir a causa, como Cowspiracy e The True Cost por exemplo, que também assisti com meu namorado e nós dois terminamos nos sentindo lixos humanos, mas motivados a fazer parte da mudança.
Oi, Guilherme!
Po, a mulher do Leo faz parte do projeto de VIDA deles, né? Haha. Acho que seria legal demais os dois aparecerem e falaram sobre o fato de terem SEIS filhos, que é um número absurdo pra qualquer família hoje em dia quando a média é 1-2 pessoas.
Então, no filme eles até falam um pouco sobre isso, mas as falas são super focadas em objetos: quantidade, qualidade, 20 sapatos, 51 itens, secador de cabelo, livros, tenho só uma mala. Daí o foco continua nas coisas, né? Pra chegar no ponto que a gente não liga ou liga menos pras coisas faz como? Não aparece isso no filme e acho que seria legal demais se tivesse.
Obrigada <333
Concordo contigo, Ane!
E eu conheço esse filme! Eu li o livro no começo do ano e é INCRIVEL, mas esqueci de ver o filme. Essa diferença ainda é muito incômoda pra nós mulheres.
Fica muito nesse tudo ou nada, né? É ruim ter uma casa de 500m2 entulhada de coisas que você não usa, mas é ruim também viver num mini espaço de 30m2 – também já morei numa kitnet. Concordo contigo demais com essa questão do mercado!
Este comentário foi removido pelo autor.
Nossa, obrigada. Estava pensando que só eu tinha ficado incomadada e me senti contemplada com o texto 🙂
Olá Cristal, eu não ia comentar mas acho que pode ser um exercício legal. Enfim, me incomoda bastante uma causa ser desvalorizada por não contemplar outra, como me parece ser o principal argumento da tua crítica ao documentário, ou seja, como não contemplou o feminismo (na forma que tu vê o feminismo, claro, lembrando que existem outras formas dessa luta) então o minimalismo ali ilustrado não é pleno ou digno de seus próprios méritos e funções sociais… Acho que não é e não pode ser por aí! Admiro ambas as causas e acho que quanto mais essas novas formas de refletir a realidade da nossa sociedade se complementarem melhor, porém nem sempre irão e tudo bem! Outro ponto que eu acho importante perceber é que o entendimento de um documentário/livro/música (whatever) sempre passa pelos olhos da pessoa que assiste e aí cabe ao leitor relativizar e ver o que serve pra vida dele ou não. Poxa eu não me vejo vivendo com 33 peças de roupa, largando meu emprego ou construindo uma mini casa para morar, mas há formas de trazer esses aspectos mais genéricos para a minha vida e que eu acho muito relevante! Eu entendo a preocupação com a mensagem que o documentário pode deixar na cabeça das pessoas, mas eu, realmente, acredito que melhor comunicado assim do que não comunicado. Eu vejo o mundo nessa bagunça toda e acho muito legal que pelo menos alguma mensagem de simplicidade, felicidade, consciência e minimalismo esteja se espalhando. Por fim, acho também que foi importante a tua crítica, com certeza, porque me despertou pra algumas disparidades no documentário, mas que na minha opinião não desvalorizam todo o trabalho deles. Prego muito que o equilíbrio tem que estar o mais presente possível da nossa vida, inclusive pra questionar e se posicionar.
�� (obs. adoro o teu blog)
Cristal, que reflexão estupenda essa que você fez. Eu assisti a esse documentário e não tive a sensibilidade que voce teve de fazer essa análise. Obrigada por me fazer ver as coisas de outras formas.
Oi,
Eu vi o documentário, achei a proposta legal, mas tudo muito superficial. Na verdade, e um filme sobre dois caras que podem largar tudo e sair pelo mundo para lançar um livro e gravar um documentário.Também senti falta das mulheres
A palavra realmente é essa: superficial. É o que acontece sempre que o capitalismo quer absorver algo que vai contra ele. Que nem as lojas vendendo blusas de feminismo, é superficial, sem verdade, vazio.
Olá!
Eu não sou muito de comentar mas por alguma razão lendo o seu texto essa vontade brotou muito forte.
Eu totalmente me sinto representada no hora que você fala sobre como o doc é superficial. Ele é! Muito! Mas também eu tenho estudado e usado isso na minha vida a algum tempo e eu conheço todos que fizaram parte do filme com muito mais profundidade do que a que foi mostrada pelo filme. Dessa forma eu tenho um ponto de partida privilegiado em comparação a maior parte do mundo sobre o assunto, assim como eu acredito que você também. Em um mundo onde o consumismo é a regra, para essas pessoas que vivem afundadas nesse ponto de vista esse doc é um choque e uma ideia que eles nunca tiveram. Dessa maneira eu louvo o doc por começar a falar. Que ele consiga superar sua superficialidade é um desejo profundo do meu coração. Eu vi o doc para ver se ele ia conseguir transmitir para meus familiares esse mudança tão positiva que esse movimento tem gerado na minha vida. Ele não passou no meu crivo e eu não mostrei ele para esses familiares. Mas só porque eu acredito que meu exemplo fale muito mais alto e com muito mais propriedade sobre o tema. Assim que esse seja o começo de muita discussão sobre esse assunto.
P.S. : Quando você falou sobre os copos de café descartaveis eu pensei na hora sobre o conceito de "óbvio". Eles são minimalistas no filme. Eles não fazem parte de forma alguma do mivimento "zero waste". Na verdade acho que é pior ainda, ele desconhecem esse movimento. É como vender orgânicos em saco plástico, ou vender escova de bamnbu em embalagens plasticas, ou ter cosméticos naturais em plástico. Para mim não faz o menor sentido. Eu sei que o plastico não reagem bem com os OE ou OV. Mas é o que você mais acha por aí. Para mim é obvio. Para os outros não. Se eu estou exagerando ou não, eu francamente não sei. Enquanto isso eu vou fazendo parte da discussão, do exemplo, do movimento.
Grata pela oportunidade.
Grata pela leitura.
Bji
"A mulher dele nao faz parte do projeto dele" Aqui vemos o porque da critica da Cristal.
Seis filhos, é a mulher dele… mas ela não faz parte do projeto. Acho que você deveria ler de novo sua frase e entender por si mesmo a questão.
Mais um caso de ego de homem, em que é tudo muito simples diferente da vida das mulheres e tudo o que envolve quando pensamos em no tornarmos minimalistas. Sem contar que a questão de consumo, principalmente falando de roupa, os homens ja não são tão atingidos, a moda pra homem já é reduzida, diferente das mulheres….
Superficial sim… ele apenas vende o livro que os dois fizeram. Propaganda, somente isso.
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Assisti a 20 minutos de documentário e parei, não tava aguentando o surrealismo. Achei muito engraçado que todo mundo que decidiu viver com menos, vive em casas super bem arquitetadas (provavelmente próprias) largaram os empregos, tem tudo combinando dentro de casa. Eu queria ver uma mulher da periferia com seus 6 filhos podendo fazer isso. Sinceramente, eu não tenho palavras pra descrever o quanto eu achei estupido o documentário, pelo pouco que vi. Eu adoraria ter a opção de pegar todas as minhas coisas e vender, comprar uma casa pequena e ser feliz. Mas uma casa barata para comprar seria no mínimo no meio de uma favela ou no interior do rio. Comprar uma casinha pequena sem muros me renderia assaltos, e eu já nem teria nada para dar ao assaltante, além de ser completamente inseguro a minha própria vida. Uma casa pequena e segura perto do meu trabalho me custa o dinheiro que não tenho, largar meu emprego me custa a comida que eu não vou conseguir ter. Achei tudo muito utópico. Todo mundo que resolver se abster de tudo, que diz que a felicidade não está nas coisas (e não está mesmo) já chegou a um "topo". É mole falar depois que já se experimentou e pode dizer se gosta ou não, e deve ser ótimo ter a opção de escolha de desistir de tudo sem se tornar um mendigo, mas eu achei meio ridículo. Ainda bem que achei seu texto.
Este comentário foi removido pelo autor.
Oi Cristal!
Não conhecia sua pagina, cheguei aqui numa busca aleatória depois de assistir o documentário (na verdade, estava procurando o livro para comprar).
Eu entendi boa parte dos pontos que colocou, e confesso que não havia pensado em nenhum deles enquanto assistia. Confesso novamente, sou MUITO leiga nesta temática, sou bastante consumista e vivo em uma bolha privilegiada (parecida com a dupla em questão). Sendo assim, pensando no meu universo, admito que fui diretamente tocada pela mensagem do documentário.
Acredito que é uma abordagem "comercial", um pouco superficial sim (por isso a minha vontade de ler e me aprofundar), mas com o potencial de atingir uma grande massa de pessoas que talvez não tivesse interação com esta temática (vide eu haha) e pode começar a refletir sobre e tentar buscar mais informações.
Enfim, não acredito mesmo que seja um desserviço, é a primeira camada de informação, mas pode tirar muita gente da "zona de conforto".
Perfeito seu comentário!
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Olá Cristal!
Seu propósito é válido, sou inclusive simpatizante dele, você escreve bem e é muito convincente! Porém seu feminismo exacerbado lança parcialidade ao texto. Em minha opinião, você não precisa desse nem de outros "ismos", suas qualidades já bastam!
Meu feminismo é muito exacerbado, é 200% ao invés de 100%. Sou muito feliz e orgulhosa dele e acho que das minhas qualidades, é a melhor. Passar bem se você não gosta.
Gostei bastante do documentário e minimalismo é um assunto amplo, mas ainda bem desconhecido e muitos tem uma visão distorcida.Independente de gênero ou de raça, maior renda ou baixa renda, de alguma forma, o documentário nos faz repensar sobre hábitos de consumo, amar mais as coisas, valorizar as pequenas coisas. A fala das mulheres que apareceram foram significativas, mas fiquei curiosa para saber mai sobre o casal com 6 filhos .Esse documentário me fez pensar muito na comunidade vegan que frequento e também sobre as pessoas em situação de rua e catadores de materiais recicláveis,que são, em sua maioria, homens, tendo em comum o compartilhamento de coisas e o consumo básico sustentável.
Olá. Li seu texto e até passei a te seguir nas redes sociais mas também discordo em alguns pontos. Conheci o minimalismo através desse documentário, juro que nunca tinha ouvido falar algo sobre o assunto. Acredito que para você que já vive há muito tempo esse estilo de vida, tenha realmente um olhar mais crítico e analítico mas para mim, que sou leiga, acrescentou muito e abriu os meus olhos para uma realidade que antes era totalmente desconhecida. Mesmo que de forma lúdica e até às vezes exagerada, o documentário apresenta o minimalismo a pessoas que nunca tiveram contato com ele. De tudo, o que mais me chamou a atenção é que, apesar deles serem radicais, sempre palestravam sobre o fato de não querer dar uma receita de vida para as pessoas mas levar ingredientes dos quais cada um adaptaria à sua realidade de vida. Achei o máximo isso! Me descobri minimalista em vários aspectos e isso me tirou até a culpa por não ser tão consumista como todos à minha volta. Vivendo e aprendendo e acompanhando você nas redes sociais!
Aceito dicas e sugestões de livros, documentários, séries, artigos sobre o tema. =)
Sucesso!
Tinha adorado o documentário e agora com a sua crítica e análise tudo tomou outra proporção. Deveria haver uma indicação ao final do documentário para a leitura do seu artigo Rsrsrs aí tudo fica completinho!
Oi
Primeiramente peço perdão, pois logo de cara já fiz mau juízo de você. Mas parando pra pensar, realmente acho que em alguns pontos você razão. Principalmente quando fala de pra quem é possível largar tudo. Embora nos discurso dos personagens eles não propõem que todos façam isso.
Mas gostaria de aproveitar e perguntar é possível adotar um estilo de vida realmente minimalista não tendo uma poupança grande?
Sou leigo no assunto, peço por favor que tenha paciência se minha pergunta não fizer sentido?
Oi, Luís! Eu acho que é essa discussão que justamente eles não fazem no documentário. Você conhece a Blogueira de Baixa Renda? Ela tem uma série muito legal no youtube sobre o “Minimalismo baixa renda” (clica pra ver a playlilst). Ali da pra ver que da pra ser minimalista sem ter uma super poupança, mas nem TODO minimalismo.
Concordo super.
Achei que o documentário ficou um pouco repetitivo, também. Achei legal terem apresentado o conceito do minimalismo e tudo mais, me fez refletir. Mas não foi prático.
Bom dia, boa tarde ou boa noite! (Não sei quando nem se você vai ler isso)
Sobre a sua crítica ao documentário Minimalism…
Concordo com o que você escreveu sobre a perspectiva das mulheres no meio minimalista. Mas infelizmente isso acontece na maioria das posições, profissionais ou não, tirando apenas aquelas de maioria feminina por terem sido estabelecidas como estereótipos, como posições “para a mulher”. O que é ridículo e supersexista.
Acontece que, como consequência dessa falta de espaço para as mulheres, acaba que os minimalistas na verdade não conhecem tantas mulheres do ramo e os convidados para o documentário eram amigos ou conhecidos próximos deles. Fora o fato de muita gente que foi convidada não estar disponível naquele período, em especial as mulheres, que em toda profissão têm que trabalhar o dobro ou até mais para conseguir o mesmo prestígio de um homem. Os minimalistas são dois homens cis, hétero e brancos e eles sabem disso, até fizeram um podcast falando sobre seus privilégios e já abordaram esse assunto em muitos outros. Só acho que é um pouco exagerado colocar essa responsabilidade em uma ou outra pessoa, chamando –as de machistas, sendo que o problema está na sociedade em âmbito mundial.
Quanto a mulher do Babauta, a entrevista principal foi com o Babauta porque ele escreveu um livro sobre Minimalismo e também foi uma das primeiras pessoas, junto com Curtney Carver, por exemplo, que Joshua Millburn teve contato para depois apresentar o Minimalismo ao Ryan Nicodemos. Fora que talvez ela simplesmente não quis falar porque, embora tenha adquirido o mesmo estilo de vida, não é atuante dentro do “movimento” por escolha própria. Dar espaço para que mulheres se expressem é importantíssimo, mas é diferente de exigir que uma mulher faça isso só porque está alí, mas talvez nem queira.
Quanto ao “largar tudo”, os minimalistas constantemente falam em suas mídias sociais que o minimalismo só é igual para todo mundo quando se trata da filosofia dele, mas o resto é e deve ser pessoal e individual, é um estilo completamente adaptável as necessidades de cada um. Justamente devido a esse privilégio que eles puderam “largar tudo”, mas em momento algum eles estão mandando ninguém fazer isso, eles também fizeram podcast respondendo perguntas e dando conselhos a pessoas que querem fazer o mesmo.
No final das contas, acho que muito do seu entendimento sobre Os Minimalistas poderia ser diferente se você tivesse “dado uma geral” nos outros conteúdos que eles produziram e produzem, nos quais muitos pontos que você mencionou são abordados por eles de maneira mais aprofundada. Seria interessante se conhecesse melhor o projeto deles, pois esse documentário foi feito com o objetivo de ser apenas um adendo aos livros, e-books e podcast que são realmente instrutivos.
Outra pessoa que deveria fazer um documentário é a Curtney. Gosto muito dela e acompanho todos os seus conteúdos. Ela é muito mais voltada ás questões sustentáveis e têm uma história de vida mais impressionante e inspiradora que Os Minimalistas. Além do projeto “333”, que é incrível, ela também produz conteúdos voltados a uma espécie de couching que, de fato, dá instruções práticas sobre minimalismo e organização. É difícil um documentário só abordar tanta coisa para agradar todo mundo, mas com certeza o da Curtney seria melhor!
Parabéns pelo seu blog! Muito bonito o layout e importantíssimo seu conteúdo. Abraços!
O minimalismo pretende ser uma cura materialista para o vazio do materialismo, assim como os sistemas de produtividade aspiram resolver uma neurose por meio de outras. A forma como os livros mais antigos lidavam com esses temas era menos presunçosa, tratavam apenas de dicas sobre como melhorar aspectos muito específicos do cotidiano, ao invés da doutrinação atual.