como é viajar sem produzir lixo

Eu tenho percebido que não produzir lixo não é tão difícil assim. É algo que requer: hábito e planejamento. Pra evitar ser pega desprevenida, sempre carrego comigo guardanapo de pano, um copinho e uma sacola de pano. E além disso, preciso ficar atenta e lembrar de pedir pra não imprimirem cupom fiscal, não entregarem guardanapo, recusar o copo de plástico e pedir pra colocar no meu. Mas difícil propriamente dito não é.

Fui passar o fim de semana em São Paulo e a meta de não produzir lixo foi 99% cumprida. Yay!

O que eu levei de especial
Levei as coisas de sempre na bolsa: pote de vidro, guardanapo de pano e sacola de tecido. Comprei hashis de bambu e já aproveitei pra usar eles. Também tinha um copinho retrátil de alumínio que usei como pote pras bolotas de castanhas que fiz.

As coisas pessoais de higiene foram: xampu e condicionador sólidos (em potinhos de vidro e metal), escova de dentes de bambu, pasta de dente orgânica, desodorante em barra, base, rímel e batom. As coisas em barra eu cortei ao meio e levei bem pouco. Mais do que suficiente pros banhos que tomei e beeeemmmm mais leve que ter que levar potes enormes de xampu! 🙂

Como foi
No voo já tive que recusar o lanche e pedi pra colocar suco no meu pote. Sem problemas nenhum. Aliás, em todas as refeições que fiz e em todos os lugares não tive problema em me darem as comidas sem embalagens ou direto no meu guardanapo. O suco tampouco. Só me olharam feio na casa do pão de queijo, no embarque da volta. Quando a comida precisava de algo pra segurar eu pedia pra colocarem no meu guardanapo (levei só um pra um final de semana e ele voltou IMUNDO).

O hambúrguer vegano que vendia na Feira Plana. Pedi pra eles colocarem direto no meu guardanapo e me entregarem. Eles foram super legais. E as suculentas lindinhas dentro de rolhas reutilizadas que tinha lá no hostel que fiquei, o Did’s.

No restaurante japonês na Liberdade eu dispensei os talheres (que vinham embalados num plástico e com um guardanapo dentro) pelos hashis que tinha acabado de comprar. Não tinha suco pra colocar no meu potinho, então escolhi um de latinha (a probabilidade de ser reciclado é alta porque vale mais do que um PET por exemplo).

Almoço na rede Maoz, um árabe vegetariano. Tive um pouco mais de trabalho nesse porque tudo era em embalagem descartável. Tirei o papel da bandeja, peguei o sanduíche sem papel mesmo, pedi pra colocarem as batatas no guardanapo e o suco no potinho. A faca eu ganhei porque a maçã tava presa no pote e precisei cortar pra conseguir colocar o suco (coisas que acontecem quando você inventa de enfiar uma maçã num pote). A faca tá guardada pra usar de novo sempre que precisar.

No vôo de volta: recusei o lanchinho de novo e pedi suco no meu potinho. Os snacks de castanhas tavam no copo retrátil desmontado. Como ele tem tampinha, virou um mini-pote.

Comida de emergência
Fiz snacks de castanhas, cacau e ameixa pra levar na bolsa já que sou super faminta e evitar de comprar algo embalado. Misturei várias ideias de receitas que vi na internet e deu nisso:

– 1 xícara de avelãs
– 2 colheres de sopa de cacau puro
– 40g de damasco
– 100g de ameixa seca
– 1/2 xícara de coco
– 2 colheres de melado

1. Coloque as avelãs no processador e bata até ficar em pedacinhos pequenos. Junte o cacau e o coco.
2. Coloque as frutas e processe até ficarem pedaços bem pequenos.
3. Por fim, coloque o melado e misture bem.
4. Faça bolotas apertando com as mãos ou contra uma colher de sorvete.
5. Guarde na geladeira pras bolotas não se desmancharem (as minhas se desmontaram todas por causa do chacoalhar da viagem, fuen).

O lixo inevitável
Em alguns lugares não deu tempo de eu dizer “não precisa” e ganhei alguns cupons fiscais, guardanapos etc. Nesses casos, eu guardei tudo por não ter um lugar adequado pra jogar as coisas fora. Na última refeição, que foi num sushi, escolhi uma sopinha e um temaki – ambos não iam precisar dos hashis descartáveis já que eu tinha esquecido de colocar na bolsa os que tinha comprado no dia anterior. A frustração foi quando o temaki veio super pequeno e com metade do peixe do lado de fora no pratinho. Não tive o que fazer, usei o hashi 🙁

Acho que o saldo foi super positivo! Deu tudo certo, o esforço valeu super a pena 🙂

Author: Cristal Muniz

Cristal Muniz decidiu em 2015 que iria parar de produzir lixo e por isso criou o blog Um Ano Sem Lixo. Ao longo desses anos já deu várias palestras em escolas, universidades e eventos contando quais são os principais desafios e o que mudou na sua vida para alcançar o objetivo do lixo zero. Um ano virou uma vida e em julho de 2018 publicou o livro Uma vida sem lixo (Editora Alaúde), o primeiro livro sobre como ter uma vida lixo zero do Brasil.

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